segunda-feira, 9 de novembro de 2009

APRESENTAÇÃO!!!

A Móbile Cia. Experimental de Dança participa do Encontro Humanístico.
Se apresenta no Hall do CCH/UFMA no dia 18 (quarta feira) às 16h.
Contamos com vossas presença...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Apresentações

QUARTA (28/10/09) - Praia Grande das Artes - a partir das 20hrs na praça Nauro Machado no Projeto Reviver (Trecho do espetáculo pRe (s)Sente)
QUINTA(29/10/09) - Mostra Sesc Guajajaras Às 18hrs na praça Deodoro (Trecho do espetáculo pRe (s)Sente ). Praia Grande das Artes às 20hrs na praça Nauro Machado no Projeto Reviver (Coreografia Entre Laços)

Esperamos por você!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

OS LIMITES DO CORPO E DA PERSONALIDADE: linhas reais ou imaginárias?



Considero impossível entender limite como um fim. Apesar de não raras vezes eu ter me comportado assim em vários campos da existência.
Hoje vejo que, no mínimo, limite deveria ser (ou é) apenas uma linha imaginária que separa o conhecido do desconhecido. Atravessá-la dá medo, afinal, como não temer o que nem se sabe o que é? Difícil. Porém não impossível.
O próprio fato de estar vivo, em minha opinião, deviria implicar em estar disponível às experiências que o meio tem a oferecer, obviamente tendo consciência e o discernimento do que pode se configurar negativo.
Mas voltando à questão primordial: os limites são reais ou imaginários? Em se tratando de corpo e personalidade, a primeira vista poder-se-ia dizer que ambos os adjetivos correspondem à realidade: podem se configurar reais ao tratar o corpo como seu objeto e podem ser imaginários quando se trata da personalidade. Porém é uma afirmação simplista demais.
Na tentativa de mergulhar o mais fundo possível nesta reflexão ouso afirmar que cada “situação-limite” compreende uma face real e outra imaginária. Na verdade a primeira reação diante de uma situação nova ou conflitante é pensar negativamente, (não sei ou não consigo), sem analisar até que ponto isto tem correspondência com a realidade, configura-se aí um limite imaginário imposto geralmente pela autoproteção. A face real do mesmo evento é quando se constata, após reflexão, que de fato aquele é um ponto de onde não se dá mais para avançar, por quaisquer motivos, sejam eles éticos ou físicos.
É necessário aprender a reconhecer quando o real parece imaginário e vice-versa e mais ainda discernir um limite temporário de um permanente. Afinal, nem tudo que é, é pra sempre. A maioria das coisas pode ser retificada, pois o futuro é uma construção que parte do presente se utilizando de elementos do passado.
Retornando aos motivos pelos quais não se ultrapassa um limite, destaco que eles variam de sujeito pra sujeito, não tem pra onde correr; não há como comparar. Tanto porque os corpos são diferentes quanto porque a bagagem psíquica também o é.
Ultrapassar essa linha depende de uma motivação que é muito pessoal, mesmo quando há colaboração de pessoas ou fatores externos, depende do próprio sujeito se dar conta, enxergar qual é o limite de fato e querer ir adiante e além dele.
Contextualizar os limites do sujeito na profissão em questão é um caminho duplamente sôfrego, tortuoso. Pois o ofício do bailarino comporta a atividade física e a arte, indissociavelmente. Porém antes de seguir com este raciocínio, compartilho as palavras de Ek:

“O que é a dança? Se alguém responder a essa pergunta não é uma pessoa confiável. Mas, de qualquer maneira, deixem-me tentar. A dança é pensar com o corpo. E será necessário pensar com o corpo? Talvez não para sobreviver, mas sim para viver. Há tantos pensamentos que apenas podem passar pelo corpo. Coisas como a paz poderão ser bem mais importantes que a dança, porém, precisamos da dança para celebrar a paz. E para exorcizar os demónio da guerra, tal como o fez Nijinsky. A anarquista, Emma Goldman, talvez o tenha dito da melhor maneira: não vale a pena lutar por uma revolução que não me permita dançar. O deus Shiva criou o universo com a sua dança. Mas a dança é o oposto de todas as pretensões divinas. A dança é uma eterna tentativa, tal como escrever na água. A dança não é a vida, mas mantém vivas todas as pequenas coisas que constituem a grande coisa.” (Mats Ek, coreógrafo sueco, filho de uma famosa coreógrafa, Brigit Cullberg. http://infinito-pessoal.blogspot.com/2007/04/o-que-dana.html)

“A dança é uma eterna tentativa” assim como viver. Todos os dias testamos nossos limites em todos os âmbitos da vida, pessoal e profissionalmente na tentativa de chegar onde precisamos ou queremos chegar. Por que dançando teria que ser diferente? Esta pergunta se torna mais capciosa quando lembramos que a encaramos como profissão. Saliento aqui a diferença colocada acima entre limite real e o imaginário: não defendo que deve-se somente ir a diante, é preciso ponderar, afinal os limites existem, o que precisamos fazer é reconhecê-los verdadeiramente e não sob uma falsa lente de aumento ou diminuição.
Por exemplo: a dor em si mesma não é limitadora, é um mecanismo de reconhecimento da amplitude de movimento de determinada parte do corpo. O que faz a diferença é como reagir à dor. Senti-la e suportá-la não é suficiente. Há que procurar suas causas, tratá-la e suplantá-la para novamente seguir em busca do movimento que ela impediu.
No campo subjetivo é mais difícil lidar com os limites, principalmente com os dos outros, pois corremos o risco de ser autoritários, egoístas ou incompreensíveis, então, mais do que nunca é importante a busca individual em ultrapassá-lo, principalmente em se tratando de um intérprete.
Segundo o dicionário Aurélio interpretar é “explicar, explanar ou aclarar o sentido de”. Como explicar através do movimento uma idéia (de um coreógrafo ou diretor) com a qual você não concorda? Fazemos isso em “pre (s)Sente”. Simples. Mas quando chegarmos à composição de “Corpos de tinta”, como lidar com idéias divergentes acerca do tabu e da sexualidade, que são temas mais delicados? Será possível dividir a personalidade sendo ético em relação aos seus valores, separadamente do profissional que obedece às necessidades do seu ofício?
Não acho que isto seja possível. Acho que a personalidade é uma só, ética em si mesma, e dialeticamente fiel a si mesma. Por isso considero que para ser um intérprete, é necessário ser (e não estar) desnudo, principalmente dos limites éticos a partir da visão dos outros. Ser liberto da propriedade do próprio corpo, pois este é um instrumento; é o canal principal por onde todos os signos (que são os movimentos) vão comunicar algo a alguém. No fundo é um “dispor-se a”. Em minha opinião é o mínimo que qualquer interpretação precisa, um ser disposto a mergulhar nela.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Olha eu de novo...

Senti necessidade, não de dizer porque já disse, ainda que em entrelinhas, de registrar afé que tenho em nós e em nosso trabalho.
No começo tive esperança de mais; depois esperança de menos. Hoje tenho apenas fé que tudo vai ser do jeito que tiver de ser e que continuarei tentando aproveitar o que vier da melhor forma possível.
Tomara que nossos sonhos se configurem reais, com aprovação em editais ou não, embora eu concorde que sem eles será tudo um pouco mais difícil...
Bjos a todos que lutam conosco!

domingo, 9 de agosto de 2009

Viver de dança



Ah, a dança!
Amada dança!
Quem me dera viver com, para e dela...
A cor que corre em minhas veias por vezes se perde e jorra invisível quando não há possibilidades de transfigurarme nela.
Pois não só me reconheço nela como sei que se reconhecem nela e no mundo através de mim.
Espero chegar o dia em que consigamos, nós e todos que quiserem, ser Mòbiles dispostos ao seu...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MEU PRESENTE

A minha história na criação de “pRE (s)Sente” se construiu a base de medos, indecisões e incerteza. Na verdade, o início de uma série de descobertas que me fizeram transformar meu modo de dança.
Ao começar a fazer aulas de tecido acrobático com Donny, meu corpo e minha mente se abriram a uma nova experiência. Conhecer pessoas, desenvolver capacidades, descobrir os meus limites e ir além deles...
Em janeiro de 2008, comecei a escutar rumores e conversas sobre a criação de um espetáculo de dança contemporânea baseado nas composições de Zeca Baleiro. Logo, me interessei muito. Sempre gostei do Zeca e de suas letras únicas.
Escutei convites, observei atitudes e pensava que realmente o espetáculo tinha tudo pra dar muito certo. Mas, a vontade de dançar junto, de participar dessa obra, de permanecer mais tempo com aquelas pessoas me fazia por muitas vezes ficar triste e desestimulada. Quando Donny me perguntou se eu não estaria disposta a participar, uma questão não antes percebida por mim veio à tona: será que eu sei dançar contemporâneo? Eu vou conseguir acompanhar esses bailarinos que durante muito tempo (praticamente toda a vida) se dedicaram e se desenvolveram nas técnicas do ballet, do contemporâneo, do jazz... Da dança?
Os ensaios começaram a base de empurrões e logo ganharam força total. Comecei a conhecer através da convivência meus amigos companheiros Donny, Odara, Lana, Denise e Milena, uns de modo mais rápido outros gradativamente. Percebi opiniões, vontades, qualidades e defeitos, acertos e erros, inclusive os meus, que antes nem tinha noção.
No crescimento de “pRE (s)Sente” desenvolvi qualidades, (tentei) destrui defeitos e conceitos pré estabelecidos, briguei, falei alto, escutei, dei palpite, chorei escondida, sofri pelo pé on dehor e ainda tento coordená-los na base certa. Enfim, observei sensações, expressei meus sentimentos de forma errada e correta, tentei entender opiniões, aceitar criticas e não me zangar muito.
Por ocasião de o tema solidão ser base das músicas de Zeca, tive que desenvolver uma atitude a esse sentimento. Logo eu, que não aprecio ficar só, quanto menos o silêncio, tive que tentar entender o que eu ia ter que colocar no corpo. Uma palavra, um sentimento tão intenso e que eu nem queria escutar falar. Discutir, pensar, refletir sobre a solidão me fez ampliar meu medo de ficar só e criar coragem para enfrentar meus medos foi uma das coisas mais sábias que fiz.
Inicialmente, a música que mais me chamou atenção foi Tem que acontecer, pela letra marcante e tocante que fala sobre diversos momentos da minha vida. Logo que escutei a frase “Se ninguém tem culpa não se tem condenação, se o que ficou de um grande amor é solidão” me senti extremamente abalada, pois nessa simples frase me encontrei e desenterrei sentimentos escondidos. Ela retrata exatamente o momento pelo qual eu passava nos últimos meses, e que me fazia necessitar de mais e mais carinho. Não sei se Skap me chamou mais atenção pelo fato de ser meu duo com Odara ou pela sua letra que representa a minha busca constante: alguém que me faça parecer menos sozinha, e ser alguém que torne uma pessoa menos só.
Enfim, sei que de “pRE (s)Sente” nasceu uma parte nova em mim, que me fez mudar (espero que pra melhor). Nasceu a Móblie, que amo; e nasceram amizades com pessoas tão lindas e significantes. Agradeço hoje e sempre pelo convite, a Donny e Odara. Espero que eu possa alcançar cada vez mais as expectativas que meus diretores têm. E obrigada pela oportunidade de perceber que eu consigo dançar contemporâneo!


Nathália Soares (NaThY)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

“Uma Nathy mais aberta a opiniões”


Depois de tantas semanas recebendo e esperando ansiosamente as cartas, enfim consigo lê-las todas e considerar seus pontos comuns, as diferenças e enxergar as minhas possibilidades de mudanças. Percebo nelas muito que eu não tinha noção, como a admiração e o amor na real proporção que eles existem. Apesar de considerar palavras apenas palavras, entendo que por trás delas existem atos e pensamentos concretos.
Considerando que Lana está certa ao afirmar que não aceito muito bem críticas, tentei (dei o máximo de mim) para entender e aceitar tudo que me foi dito, não pacificamente e não sem conflitos, pois não é meu estilo, mas pacientemente. Talvez eu tenha mesmo sido muitas vezes impulsiva e intempestiva, mas escutar que Odara (que é ODARA) me acha coerente é um assombro. Ainda bem que o sou para alguém.
Descobrir que a minha alegria, liberdade de espírito, vivacidade, altivez, entre outros é a felicidade e esperança de alguns me deixa muito feliz. Mostra-me uma realidade que em muitas ocasiões torno irreal, finjo ser assim pra esquecer os problemas e me adaptar as pessoas ou situações.
E na verdade, Denise, a chateação por minha vontade não ter sido aceita ou por ser cobrada por algo que deveria ter feito e não fiz é comigo mesma, pois muitas vezes quando percebo os sentimentos e vontades absurdos que sinto, me revolto e termino me isolando e me zangando. O que não consigo é falar. Talvez pelo que Donny me disse. Em grande parte das situações esqueço um pouco de mim, dou sem cobrar, só na esperança de receber do mesmo jeito, engulo minhas vontades. Assim, quando não sou atendida ou sou cobrada e entendo que estou errada, mesmo que eu tenha argumentos não consigo me defender ou argumentar, só me entristeço e me calo.
Sou assim e ponto. Preciso de amor e atenção mesmo, e sinto muita falta quando não acontece. Essa minha personalidade alegre é uma armadilha para eu conseguir isso. A lógica é: quem dá, recebe. Mas como isso nem sempre acontece me sinto muitas vezes sem amor, com uma necessidade de carinho tão grande que me apego à pessoa que estiver mais disposta, sem atentar para as intenções da mesma. E quando já estou “cheia”, enjôo. Largo. Jogo fora. Isso é ruim. Muito ruim, pois muitas vezes me torno egoísta e egocêntrica, achando que só eu preciso de carinho, mas Odara me explicou que necessidade de ser amada é pura realidade, é humano e talvez agora eu consiga olhar ainda mais para os outros que para mim.
Essa facilidade de apego e desapego é muuuito irreal. Quanto mais penso que é fácil maior a facilidade pra mim. Minha força de vontade em não me deixar apegar, muitas vezes (quase todas), fracassa. E sofro por isso. Escondida, mas sofro. Termino buscando na minha vida louca uma recuperação, não é Donny? Busco na intensidade de viver uma forma de me livrar da condição de dependência. Tu estás absolutamente certo; na minha solidão (aquela da qual fujo) estão escondidos meus medos, minhas fraquezas, meus transtornos e minhas dúvidas, e eles me fazem fraca, indecisa e medrosa, o que definitivamente não me atrai, então corro longe e corro rápido. Deixo-os trancados no meu quarto junto com as lágrimas não derramadas e os esqueço, como se nunca tivessem existido.
Enfim, espero que minha sabedoria não amadurecida sirva pra ajudar muito mais e para entender que o mundo não gira ao meu redor. Espero também conseguir sempre distribuir meu grande sorriso a todos que necessitem e gostem (e quem não gosta que vá catar coquinho) e que eu consiga viver e lutar cada vez mais em busca da felicidade.
Que eu tenha sempre forças para permitir a aproximação de novas amizades e grandes pessoas e que elas consigam se resgatar em mim. Que eu consiga ainda, crescer milímetros e que seja para meu bem e dos que estão ao meu redor. Que eu sempre saiba valorizar amizades tão belas.
E que vocês entendam a complexidade e amplitude de um simples obrigada de uma moça-menina que não cresceu muito, mas que se tornou brutinha.


“E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal de conseguiu fazer.” Lya Luft


Nathália Soares

Reanalisando tudo!

Ah, está tudo muito bagunçado na minha cabeça, acho que é o sono. Já é tão tarde. Acho que serei mais direta do que o normal.
Bom, é realmente muito interessante ver-me sob óticas tão diferentes, mas fico feliz que todos me percebam tão bem, até melhor do que eu mesma. De início achei extremamente difícil relatar minha irrealidades, talvez porque eu as tenham escondido tão bem que hoje tenho dificuldade em identificá-las.
Acho que minha irrealidade mais marcantes é o medo. Medo de tudo, medo do mundo. Talvez por isso Dede, você me ache tão sozinha. Às vezes me sinto bem assim, mas na maioria das vezes só quero colo. Tenho medo da solidão, mas mesmo assim não sei evitá-la, ela me consola. Você está certa, sou confusa. Nem mesmo eu compreendo minhas vontades. Afff, e é nesta confusão que eu "organizo" minha vida, mas não acho que eu compartimentalize tudo Odara, mas sim que tudo é muito misturado, oq ue reflete uma personalidade bipolar, instável. Daí quando estou muito sobrecarregada explodo com força máxima. Druoga, não sei lidar com isso, jamais o soube. Jamais consegui me sentir realmente segura em algo, para algo; sempre sobressai a preocupação, o medo, e para saná-los me vejo forjando situações, procurando motivos, cobrando-me ao extremo. Essa sou eu.
Quanto a meus caminhos na dança, não sei ao certo. Talvez você esteja certo Donny, talvez ela seja apenas um arco íris no meio da selva que a biologia representa em minha vida. Mas no fim do arco-íris não existe sempre um pote de ouro? Quem sabe um dia eu consiga chegar lá. Sempre disse à todos que me perguntavam, que a minha primeira opção diante de uma escolha, seria a biologia. Realmente amo meu curso, e sinto-me realizada nele. Talvez por ter chegado tão longe depois da dificuldade que encontrei ao cursá-lo. Mas o que seria da vida sem obstáculos, né?
Mas amo dançar, e não sei até que ponto minha primeira escolha prevalecerá. O que sei é que jamais serei feliz sem um dos dois, e não considero a idéia de separar de qualquer um deles de minha vida. Talvez hoje a dança seja mesmo algo irreal para mim, e talvez seja verdade que meus olhos não brilhem tanto por ela quanto outrora, mas isso tem outras razões, que são assunto para uma outra carta. Talvez estes sejam os motivos para minhas travas corporais, mas nem mesmo eu os sei ao certo.
Não acho que minha constante falta de tempo seja um mecanismo para sentir-me ou mostrar-me madura, este é realmente um problema real. Entenda, quando declaro não haver tempo refiro-me a não conseguir executar bem aquilo que faço: seja no ensaio, na gradução, no laboratório ou em minha vida pessoal (principalmente nesta). Não há tempo. Mas sim, tenho mecanismos para tentar mostrar-me madura, geralmente ele é falho, pois minha personalidade de menina sempre foi mais forte. Acho que por isso vivo numa luta constante comigo mesma. E você acha isso interessante Donny? Pra mim isto é uma tortura...afff. Enfim, geralmente quem ganha a guerra é "o ser madura", não porque eu o quero, mas porque é uamm exigência dos lugares onde estou, tornou-se quase inconsciente.
Por fim, preciso realmente falar da irrealidade de minha impessoalidade. Você está certo Donny, de novo. Uso da cientificidade para evitar mostrar-me demais, esta é minha melhor proteção, guardar-me. Como já disse, o medo guia meio modo de viver. Depois de tantas mágoas, traumas e decepções seguidas, não sei se realmente quero explodir em sentimentos. Falam em mostrar-me mais, lutar para sair desta situação, curar estes traumas, que eu serei mais feliz. Mas como?, eu pergunto, se quando faço uma tímida tentativa de msotrar-me, de senitr novamente, quando enfim começo a confiar e acreditar que será diferente, as bocas que me falam para libertar-me são as mesmas a levar-me a tal situação novamente. Não Nathy, não quero curar-me desta situação, não quero morrer na praia mais uma vez, e não vou deixar brechas para que meu mur de proteção seja trasnposto novamente, mas sim o reconstruirei mais alto e forte. Sei que serei mais feliz assim.
Talvez essa seja a minha grande satisfação em estar na biologia. Ela me equilibra, ao menos em parte, minha instabilidade emocional; sofro menos quando estou nela, frusto-me menos com ela.
Ah, minha cabeça dói, já está quase amanhecendo, mas tenho ainda forças para dizer mais algumas coisas. Obrigada! É basntante confortante saber que posso considerá-los amigos e que vocês aceitam-me com tantas irrealidades...defeitos...enfim. Sentirei muita falta de todos enquanto estiver distante, tanto por este mês, quanto aos anos que se seguirão. Mas o mundo dá voltas e provavelmente nos reencontraremos, em um momento melhor, sob outras condições, não é mesmo Denise?

Bem, sintão-se todos abraçados. Até a volta.


Lana Gabriela

terça-feira, 30 de junho de 2009

Para Nathália Soares De Donny dos Santos

Não posso explicar a cor estridente do papel, mas me utilizo dela para tua mais marcante irrealidade: a intensidade. Queres ser intensa sempre, forte, bruta, destemida, somos próximos nesse ponto. A solidão está por trás da ofuscante cor do amarelo, ela esconde tuas fraquezas, teus medos, teus transtornos. Me falas do teu quarto, das lágrimas e tudo mais, mas somente repõe tuas forças na vida louca, a serenidade não é teu remédio.
Mas o viver intensamente é a tua droga.
Não controlas, não dominas, não tem as rédeas das tuas próprias escolhas nas mãos. Tu só queres amor, nada mais. Tua intensidade parece a de um fumante que retira o próprio filtro do cigarro para melhor sentir o gosto. Precisas lambuzar-se, experimentar de forma máxima tudo. Porém, aquilo que te trás força e afasta-te do repouso de um leito encharcado fere-te. Machuca-te para curar-te, só não sei em que proporção andam as coisas, espero que cure mais do que machuque.
Você oferece o que quer recerber, e não expõe isso, não cobra dos que a rodeiam. Eu aprendi a cobrar. Considero irreal quando dizes o contrário, penso que engole seco tuas vontades.
É irreal também a facilidade do apego e desapego, penso que esse último é muito difícil para ti. Preocupo-me também com sua repentina vontade de estabilidade devido aos incômodos familiares, isto pode ,mudar drasticamente teus rumos.
Há escondido em você uma fruta madura. Melhor, parece que o caroço amadureceu mas a carne continua verde, o que faz com que tuas verdades sejam irrenerentes. Digo isto porque em meu último momento de necessidade, fostes aquele que me falou as palavras mais sábias. Talvez estaja na hora de amadurecer a carne, pois ela recebe os impactos da vida e trnsmite para o nosso interior, se este está mais velho abala nossas estruturas.
Não cresça dentro de si apenas, por mais que pareça impossível crescer por fora (pode rir do trocadilho, mas reflita sobre a piada), alguns poucos centímetros podem fazer muita diferença.
Esteja bem e reflita cuidadosamente,
Donny dos Santos.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Para Lana Gabriela

Não sei se me alegro ou se me entristeço por considerá-la uma das pessoas mais irreais que conheço. Digo isso pelos aspectos positivos e negativos que encontro em tua irrealidade, a qual se parece fazer de forma tão plena no cotidiano nosso.
Começo pelo verde do papel que representa a biologia, sua vida. A meu ver, é irreal teus caminhos na dança, são incertos e inseguros, por mais que haja em ti caracteres de exímia bailarina. Embora seja onde podes te libertar e sentir-se bem, não é o lugar que te regozija e fortalece.
Para explicar melhor, fala da irrealidade existente em tanatas declarações faladas e ouvidas acerca da dança em sua vida. Seus olhos brilham ao falar do verde, mas não brilham para a multiplicidade de cores propostas pela dança. Já traçaste a facão teu caminho pela selva e, com muito pesar afirmo isso, a dança será um arco íris momentâneo que nunca pode-se alcançar plenamente.
Ainda a falar de dança, tuas travas corporais para novas movimentações que não o balé não se devem a ele. Particularmente, é irreal o caráter extremamente clássico que seu corpo mostra ter. São nítidos os resquícios técnicos, mas não são eles as razões únicas e absolutas para tirar a liberdade que seu corpo pode ter. Há motivos desconhecidos até por você mesma que te impedem de brilhar mais na dança.
Além, é inevitável falar da irrealidade que vejo em tua ausência de tempo ou motivos para cuidar de si, numa eterna tentativa de nunca tê-lo, como se houvesse a necessidade de um eterno vazio sempre a ser preenchido. Só pelo fato de tempo ser imaterial e moldável às nossas necessidades é que penso no exagero que existe ao falar que pode ser totalmente preenchido. Para mim, é irreal em ti o mostrar-se eternamente ocupada, paara parece-me um mecanismo de fazer-se madura, ou mostrar-se madura.
Te vejo como uma menina que quer ser mulher cedo demais. É difícil ser as duas coisas ao mesmo tempo, e você é de uma maneira um tanto bagunçada.
Mas isso dá-lhe um aspecto interessante, uma luta interna a ser responsável e o querer jogar tudo pro ar, este último geralemnete muito reprimido, o que não permite que tenha mais momentos felizes.
Para finalizar, preciso falar da irrealidade da sua impessoalidade. Uma cientificidade que só serve como escudo para não correr o risco de mostrar-se demais. Há medo em expor-se. Há medo devido a uma personalidade que foi atingida e fragmentada por traumas passados e presentes. Há medo em ser o que quer ser. Há medo em explodir sentimentos. Há medo.
Podes tornar mais real tais irrealidades, pois penso que não há necessidade de de esconder-se tanto. E você esconde-se se mostrando, querendo estar em tudo, vivendo tudso, sentindo o que todos sentem e, às vezes, afirma as mesmas coisas. E você esconde-se bem, mas não tão bem assim.
Esteja bem e reflita cuidadosamente.
Donny dos Santos

sábado, 27 de junho de 2009

Lana Gabriela ... por Odara

"Guardo minha insastifação como guardo as outras coisas, até a hora que explodo."
"Minhas irrealidades são mascaradas".
Falas como se tua fragilidade fosse sinônimo de irrealidade. Por que? Porque a bióloga pensa assim...Mas todos nãoo temos nossas fragilidades? Nem por isso somos todos irreais. Acho que gostarias que ser frágil fosse irreal, porém tenho quase certeza de que não é, pra ninguém.
Sinto em ti uma necessidade de ser diferente. No entanto (desculpa, amiga), és comum, igual a todo mundo. Tua carência, teu ciúme, mesmo entre amigas é "normal" já que todo mundo sente, porém tu (inconscientemente, acho) vive isto com mais intensidade. Tu te faz acreditar que...só tu é assim, que é teu jeito e que tuas necessidades devem ser supridas. Acho qye às vezes tens que ver isto com outros olhos, os olhos dos outros, para deixar de se vitimizar.
Acho legal tua mente que compartimentaliza tudo, organiza em gavetas, até os sentimentos (ilusoriamente, pois eles não são pedaões de matéria). tu pensas que guarda, mas se explode quando tens demais é porque não podes guardar.
Acho que seria muito bom que encontrasses uma forma de não tentar guardar essas insatisfações, porém de demonstrá-las com cuidado. É dificil, sei. Mas o que nessa vida e nesse mundo louco não é? Penso que serias mais feliz se conseguisse lidar bem com isso... Falo por experiência própria...
Quanto as irrealidades serem mascaradas...Quais não são? entendo irrealidades enquanto coisas froa da ordem natural, do padrão, posso afirmar que ninguém quer. Mas todos têm. E se tem e nãoquerem ter, fingem que não tem ou escondem...
Nâo precisa buscar ou forjar coisas para se sentir especial, diferente, merecedora de bônus. Sua iteligência, ânimo (quando estás bem), alegria (quando não está de tpm), expressividade e força de vontade, já te fazem mais que ESPECIAL e merecedora de nosso carinho e compreensão.
Deves estar decepcionada comigo por eu ter apontado tantos...tantas..aff, entende. Porém foi pra te mostar que apesar de toda tua inconstância e momentos chatos, TE AMO! Pelo que tu é. Só sugiro algumas coisas que acho que vão te fazer mais feliz.
De verdade, te adoro como bailarina, porém vejo em teus atos que queres mais a biologia, e sugiro-te refletir sobre isso para que ande pelo caminho que quiser andar, DE VERDADE. Assume tua profissão, a que desejares, mas sede fiel a teus anseios mais profundos para que não te frustes e te lamente no futuro (afinal se lamentar faz parte de tua personalidade srsrsrsrrsr).
Fica zangada comigo, não. Sabes que te adoro pra cacilda e não vai mudar se tu te decidires (enfim) e assumires (enfim) que queres te dedicar a biologia....
Te amooooooooooooo!!!!!

Odara

quarta-feira, 24 de junho de 2009

De Denise para Lana

Nos conhecemos à tanto tempo, mas ainda não tinha escrito nada sobre você. Quem diria que nos encontraríamos de novo e o que é melhor, para dançar, sendo que agora é uma dança diferente daquela que iniciamos.
Vejo que só agora te conheço mais um pouco, pois temos e passamos mais tempo juntas como se fosse um outro mundo, um companheirismo sem igual. Você parece às vezes tão sozinha, como se alguma coisa estivesse faltando, percebo uma certa carência em seus olhos; algumas vezes mostra um ciuminho em relação as outras pessoas. Lembro-me daquela reunião que você estava chateada, foi péssimo, não sei o que aconteceu mas acho que toda aquela situação poderia ter sido evitada, mas não te censuro por isso. Cada um tem seu momento, talvez você não estava no melhor dia.
Às vezes venho a pensar que você é um pedaço de elástico disfarçado de gente. Observo sempre quando dança e acho que você é muito expressiva, com um corpo cheio de possibilidades, gosto muito de ti pelo que és: decidida e corre atrás do que quer.
Há momentos que você parece confusa, ou eu que não te entendo direito?
Dona de um abraço maravilhoso e que está sempre disposta a dar a quem o quiser receber. Carinhosa, companheira, simplesmente Lana, envolve a todos com teu jeitinho ora forte, or indefeso, mas com uma certeza do que quer realmente admirável. Muita sorte no caminho que escolheste e tenha certeza que o melhor estará esperando por ti.
Muito sucesso minha linda!!!
Denise dos Anjos

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Para Nathy: de Lana

Ai, ainda estou muito tonta de sono, nunca dancei tanto boi na minha vida rsrsrrsrs. Já pensei em começar e já comecei tantas vezes esta carta, li e reli, mas ainda não sei exatamente por começar. Talvez pelo início, né? Nathy, minha amiguinha, nos conhecemos há tão pouco tempo e às vezes eu acho que a gente já se conhece há anos-luz. Lembro-me com muito carinho daquelas tardes que a gente passava fazendo aula de tecido, só nós duas, quando a gente saia da aula correndo pra UFMA, ou quando saia da UFMA depois da sinuca correndo pra aula, ou quando você fazia eu sair da biologia pra ir pro núcleo de esportes em plena 12:30h... fazíamos fofoca a tarde toda, lembra? Acho que foi a melhor época pra mim. Mas dentre todos aqueles dias maravilhosos, entre namoros arranjados e aulas de sinuca que eram um desastre (Lacônico que o diga), o que dia que jamais sairá da minha cabeça foi aquela tarde com Ronaldo. Uma tarde inteira olhando pro horizonte, pensando na vida, batendo foto, jogando adedonha e correndo pra pegar ônibus, lembra? rsrsrrsrsrsrsr.
E já vai fazer um ano que nos conhecemos, né? Você passou um tempo afastada...eu passei um tempo afastada...talvez pelas mesmas razões...mudamos muito em tão pouco tempo, mas fico feliz que aquela amizade do início tenha se mantido tão firme até então.
Porém, hoje vejo você de uma forma diferente, talvez hoje eu consiga perceber mais você. Sei que és tão parecida internamente comigo que chega a ser cômico (principalmente quando o assunto é bater fotos), com uma “pequena” diferença, você consegue aflorar tudo o que sente, o que te incomoda e o que te agrada, e isto foi pra mim, foi mais difícil de aceitar no começo. Bem, a intenção não é falar sobre mim, mas convenhamos que não é muito fácil falar de você.
Ah Nathy, minha brutinha favorita, já vi você muitas vezes revoltada com o mundo, na maioria das vezes porque seus pais não deixam você sair; ou porque aquele encontro não deu certo; ou porque você não consegue fazer um passo no ensaio (e fica parecida com uma minhoca no piche quente rsrsrsrrsrsrsr). Mas me admira muito ver que tudo isso só serve para você tentar até conseguir, insistir sempre, e sempre com este seu jeitinho de criança, brincando e sorrindo, e que acaba contagiando a todos nós.
Às vezes, até parece mesmo uma criança, mimada e birrenta, que necessita de atenção constante de tudo e de todos, não mede esforços para que isso aconteça e não aceita críticas quando estas lhes são apresentadas. Mas é com esta mesma forma infantil que demonstra seu carinho a todos nós, e seu ciúme também (olha quem fala, né?), e que tanto nos cativa.
Você que é uma pessoa tão dada (por favor, interprete da melhor forma), sempre disposta a ouvir (e ninguém melhor do que eu para afirmar isso) e principalmente a ajudar.
Uma pequena pessoa, que quer englobar o mundo, que gosta de viver a vida profundamente e não mede esforços para tal, fazendo disto não um estilo de vida, mas uma necessidade.
Oh meu anjo, não tem como eu descrever aqui tudo o que eu gostaria (nunca fui boa escritora), e nem acho que não há combinações de palavras o suficiente para explicar – te, ou a nossa amizade. Só espero que daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos, quando já estivermos velhinhas, ainda sejamos amigas e você ainda conserve esta sua alma tão jovem, que é uma grande dádiva.


PS: A carta é colorida porque você é alegre!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Para Nathália Soares - De Denise dos Anjos; O irreal nos outros: Nathy

Pensando em quem poderia falar veio você em minha cabeça, e logo lembrei de algo que gosto muito de ver: o seu grande sorriso, grande mesmo. Ás vezes demonstra ser adulta, mas a vejo como uma menina alegre e festeira. No início eu me perguntava quem é essa moça extrovertida e que ás vezes fala alto, ficava te observando nos ensaios pequenina mais com tanta força, o que admiro.
Aos poucos fui te conhecendo e percebendo as suas caracteristicas, um coração maravilhoso mas ás vezes não entendo algumas reações e atitudes suas, quando chatea por sua vontade não ser feita ou quando é cobrada por algo que deveria ter feito. Admiro a coragem que você tem sempre em assumir quando erra, apesar de as vezes demorar a fazer, odeio quando você fica brava e acaba não falando com ninguém, sinceramente acho que você não fica bonita quando está assim.
Falar de você não é uma tarefa fácil, te conheço a pouco tempo, mas o suficiente para dizer que gosto muito de você, Nathy. Precisa de atenção e acho que sente falta disso por parte das outras pessoas. Enquanto bailarina o que me vem a cabeça é o seu pézinho en dehor que é abençoado mesmo fazendo com que você leve algumas broncas.
Menina, mulher ou talvez moça-menina, uma moça cheia de força que cativa a todos com seu jeito alegre ás vezes explosivo, uma pessoa decidida sobre o que quer, um pouco impaciente o que não é tão estranho, busque sempre o melhor e na hora certo o melhor virá.
Denise dos Anjos
São Luís, 17 de junho de 2009
*Esta carta feita por Denise dos Anjos para Nathália Soares faz parte da pesquisa do espetáculo "Corpos de Tinta"

Para Odara Freitas: de Denise dos Anjos

São Luís, 08/06/2009

O irreal no outro

Hoje parei para pensar especialmente em uma pessoa, é a escolhida foi você, é você mesmo. É Odara falar de você provavelmente não será uma tarefa tão fácil, pois nunca conhecemos totalmente o outro, mas posso falar do que eu conheço. Moça de personalidade forte na maioria das vezes fala o que vem a cabeça sem pensar em como as outras pessoas reagirão às suas palavras, olhando por um lado isso pode ser bom, pois saberemos o que você pensa, por outro pode acabar machucando outros que talvez não estejam preparados para te escutar.
A sua persistência principalmente quando acha que tem razão é admirável, tem sempre um bom argumento pra tudo, em alguns momentos é pouco tolerante e acaba se chateando rápido, o que às vezes é muito chato pois o clima fica estranho e quer saber? você é muito mais bonita sorrindo. Falando nisso é interessante lembrar o quanto animada você é, uma energia só, parece que vai explodir de tanta animação, em outras palavras, criatividade é o que não te falta.
Meio criança, meio mãe, meio adulta totalmente mulher parece reunir um pouquinho de tudo, e que sempre se apresenta conforme a necessidade, além de tudo isso ainda encontra tempo pra dançar, falando nisso tem um corpo muito expressivo e quando se trata de dança consegue fazer poesia com o próprio corpo.
Pessoa de uma disponibilidade para ajudar sem tamanho, até me levou ao hospital, ops! Acho que não precisava lembrar disso, droooooga!
Diante de algumas estranhezas e etc e tal, um ser forte que eu gosto muito, que sempre oferece ensinamentos a quem busca aprender e provavelmente sua persistência e teimosia tenham te permitido alcances e conquistas, mas lembre que é isso que vale a pena, pois o importante não é chegar no fim do caminho, e sim como se fez para chegar nele, a cada passo uma nova lição, é de pouquinho a pouquinho que se constrói uma história.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Para Odara Freitas: de Lana Gabriela

Goiânia, 05 de junho de 2009.


Minha cara amiguinha,

Não sei bem o que escrever nesta carta. Acabei de almoçar apressadamente em uma cidade chamada Gurupi, são 14 horas e eu resolvi escrever-lhe estas poucas palavras antes de começar a estudar.
Bom, a viagem está sendo muito boa, apenas um pouco cansativa. Afff, de São Luís até Goiânia são 32 horas, mas as pessoas que estão indo são legais e por isso está sendo muito agradável.
Passamos a manhã inteira brincando de mímica e a noite passada cantando música sertaneja (afinal temos que entrar no clima da cidade né? rsrsrs)... lembrei muito de vocês (Você, Nathy, Denise e Donny). Aliás, tenho pensado muito em todos nós desde a noite passada (houve um acidente na estrada e eu não consegui dormir)...Sinto muitas saudades. Gostaria de ter me despedido melhor e já tive vontade de nem ter vindo, mas admito que estou também ansiosa pelo início do congresso. Dizem que lá está 5º C. Ahhhhhhhhhhhhhhh.
Desde de segunda - feira já sabia quem seria a pessoa a quem destinaria a minha primeira carta: VOCÊ. Talvez por ser a pessoa com quem mais me identifico no grupo e que hoje posso afirmar que encontra-se num grupo que amigos meus que jamais esquecerei.
Acho que este tempo afastada serviu para avaliar melhor cada um de nós. Dara, vejo você como uma pessoa extremamente lutadora, de uma personalidade incrível e que me parece nunca desistir de seu objetivo, seja ele qual for.
Lembro-me com bastante nitidez (mais do que eu gostaria até) daquele show de Zeca Baleiro. De como você me disse que montaria um espetáculo com suas músicas, e daí surgiu o pRes(s)Sente. Naquele momento confesso, jamais me passou pela cabeça que este trabalho ganharia a amplitude que ganhou, nem que eu fosse vivenciá-lo de tal forma, e muito menos que ele seria o responsável por hoje, eu estar escrevendo esta carta. Acho que enganei-me quando pensei que não daria certo, e que você estava esperando demais de um grupo que nunca havia trabalhado junto. Mas isso define tão claramente você, que imagina algo que parece irreal e que consegue de algum modo transforma-lo em realidade e no final nem parece que haveria alguma chance de dar errado.
Mesmo com esse poder, eu vejo você como uma pessoa frágil, e sei que neste percurso de correr atrás de objetivos tiveram vezes que você, não achou que não daria certo, mas achou talvez que não tivesse força para continuar mantendo-se firme e a todos nós. Mas, mesmo assim você o fez.
Vejo em você uma pessoa extremamente preocupada com todos nós, como uma mãe. Sempre disposta a ouvir, sempre arrumando formas de nos manter confiantes e dispostos (seja levando comida, seja dando broncas, que são palavras duras (verdades - afinal você não é baú, não é mesmo?), mas que precisam ser ditas para o bem de todos nós.
Apesar de não deixar transparecer nada (ou ao menos tentar) sei que existe uma Odara frágil dentro de você, e que assim como toda mulher necessita de carinho e atenção (apesar de ser bem discreta com relação a isso, ou talvez eu a conheça muito pouco ainda para detectar).
No mais, sem mais nada a falar, só posso agradecer. Agradecer por todas as conversas, pelas roupas (rsrsrrs acho que vou precisar) e pela amizade (principalmente por esta). Enfim, obrigada por sanares a maior parte de minha solidão. Ela é tão grande!!!!
Abraços e beijos. Saudosamente Lana Gabriela.

sábado, 13 de junho de 2009

Para Nathália Soares; de Odara Freitas

Quarta, 03 de junho de 2009, 03:34
Estou acordada porque Iraminha tá tossindo muito... dei água, dei chá e agora ela dorme. Eu... talvez não consiga agora. Porque a insônia me acometeu, me pus a perguntar a mim mesma por que me reconheço em ti, se somos, aparentemente, tão diferentes.
Não começarei pelo princípio. Isso não parece com você. No entando és coerente. Espero conseguir ser.
Descobri que, assim como você (você falou!), a busca e a necessidade de ser e sentir-se amada te levam a certas coisas (que a outra Nat até tenta evitar, ás vezes). Eu também sou assim, mas não tinha consciência. A vontade que as pessoas te amem como você é, por descobirem o que tens de mais valioso e especial... Talvez retorne a esse assunto adiante.
Também me pego fazendo coisas para os outros. Na maioria das vezes eu gosto muito, a exceção é quando não sou reconhecida, quando meus esforços não são... vistos, lembrados e "devolvidos".
Mais do que todos, nossa amizade foi construida, porque APRENDI a te aceitar e te amar como és: aberta, VIVA, "dada" e amorosa.
Já te disse que as primeiras vezes que estive na tua presença o sentimento foi de muito estranhamento: quem é esta criatura que fala alto e o que quer? Tão diferente de mim. Calorosa, expansiva, extrovertida, alegre e cheia de vida... No início te aceitei apenas, tentando conviver, tentando encontrar formas de te respeitar. Tô com fome... Tomei nescau...
Agora sei que o que me incomodava em ti é a liberdade do teu espírito, a vivacidade, a altivez e a segurança que eu não tinha.
Hoje, que somos próximas e por isso compreendo-te mais, vejo que teu irreal é mais comum do que imaginas. Todos temos necessidade imensa de sermos e sentir-mo-nos amados. Porém poucos tem a coragem de admitir isso com todas as letras. E coragem é algo que está tatuado em você. Não só por tua "brutalidade" (que também admiro), mas pela força em fazer o que quer e/ou de alguma forma lutar por isso.
Não sei se estou sendo suficientemente clara. É que o sono voltou ja que Iraminha parou de tossir.
Manhã chuvosa, fria, nublada. Muito diferente de ti. Muito igual a mim. Passei a ser assim depois que engravidei (mas isso é outra história; e longa). Antes também era como você (até os 16 anos). Hoje me conheces com alguns momentos legais por causa do Casarão e de vocês.
No princípio de tudo, Nat era só um nome, um fantasma, de quem todos falavam e comentavam mas eu nunca via. O que falavam? Estórias apenas, do que acontecia... Então eras muito irreal, abstrata, porque não te sabia como agora.
Lembro de um dos primeiros encontros: ias apresentar na calourada de Educação Física, no Circo da Cidade. Te vi passar, indo banhar (tinhas acabado de acordar); vi Binho pintar uma camisa (eu acho que é a mesma que tu usas). Aí saiste com aquele macaquinho mínimo, mas muito bonita, como sempre. Demorei uns dias ainda pra saber que aquele "pequeninhinha" era a famosa Nat.
Quando começamos a ensaiar pRE (s)Sente é que comecei realmente a ver que tu existias, pois te via ali quase todos os dias. Passe uns dias muito travada, observando, analisando... Depois que senti segurança me soltei um pouco mais. Daí correu tudos mais naturalmente.
Pensando sobre ti, descobri muito sobre mim. Lembrei do que fui um dia: alegre, disposta, confiante, amada por muitos, ativa... Porém fui impelida a mudar radicalmente. Em plena adolescência passei a ser mulher e algumas coisas ficaram incompletas... Hoje em dia, depois de cinco anos, consigo administrar melhor esses meus dois lados.
Tua permissão em aproximar-me de ti me ajudou a resgatar coisas boas perdidas em algum lugar de mim. Te agradeço por isso.
Confesso que o estranhemento incial tinha um pouco de inveja, mas a transformei em algo produtivo: esforço para absorver de ti o que me fazia te invejar. Ainda hoje (admiro e não mais invejo); tento me espelhar em tua força e coragem, "brutalidade", amabilidade, alegria e esperança.
Hoje conto muito contigo como digo que podes contar comigo para o que necessitares. Desejo-te a felicidade que quiseres pra ti, sempre e no que eu puder ajudar...
*Na carta tem o poema AMAR de Carlos Drummond de Andrade e logo após...

Espectra
O amor que exala de ti
Não é so esse que Drummond canta
Vai bem além do que qualquer um pode ver.
Porque és como a aurora para os que na noite vivem
Enquanto és também a própria noite se preciso.
Em qualquer algum lugar
Sempre és toda a presença
Da vida que vale a pena ser vivida
Ainda que não compreendida sejas.
O sol que trazes contigo é capaz de
Mais que qualquer força
Trincar as mais sombrias moradas
Como fora a minha, e que
Também por tua companhia
Se desfez.
Posso afirmar que não há o que abale teu calor.
Tampouco o que ofusque teu explendor.
Porque enquanto tu, tu mesma fores
Haverão dias a raiar ao teu redor.
Odara Freitas
*Essa carta feita de Odara Freitas para Nathália Soares faz parte da pesquisa do espetáculo "Corpos de Tinta".

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O corpo na dança contemporânea

Para se entender o que pode representar o corpo na dança contemporânea e como este pode de algum modo se tornar irreal (seguindo uma visão surrealista) é necessário que sejam estabelecidos alguns conceitos.
O corpo é a dimensão fundamental do homem, uma vez que ele prova sua existência no mundo. Na cultura ocidental o corpo foi visto durante muito tempo com uma dupla formação: o corpo e a alma, matéria e espírito, cultura e natureza. Historicamente, esta visão dualista deu ao corpo a condição de mero instrumento em relação a uma instância superior e mais valorizada: a mente, alma ou espírito. Porém, este pensamento tem mudado bastante e hoje, pelo menos em parte, o corpo é visto como a unidade na diversidade, que relaciona o mundo biológico e o mundo cultural rompendo com o dualismo entre os níveis psíquico e físico.
Na dança, ainda pode perceber-se “resquícios” deste pensamento dualista, principalmente em apresentações de ballet clássico. A maioria dos bailarinos que iniciam seus aprendizados na dança, como o ballet, e posteriormente mudam para outros ritmos, geralmente são os que mais percebem esta dualidade. Realidade esta que fica bem explicitada na música de Chico Buarque : “A bailarina” (não tem verruga, calcinha velha, namorado, coceira, unha encardida... não tem nada que todo ser humano vivente neste mundo teria - não tem corpo vivido).
Neste caso, o corpo é visto apenas como um instrumento de produção artística e não como uma representação do real, do cotidiano. Sendo considerado como algo a ser controlado, dominado e aperfeiçoado segundo padrões técnicos que exigem do dançarino uma adaptação e submissão corporal, emocional e mental àquilo que está sendo requerido dele externamente.
Acredito que a dança contemporânea venha justamente quebrar esta regra. Hoje, o corpo é reconhecido como uma entidade socialmente construída, pois nele esta inserida toda uma realidade biológica, política, filosófica, étnica e cultural formada por histórias e práticas ao longo do tempo. Com isso, o corpo passa a ser a expressão da etnia, faixa etária, crença espiritual, classe social, etc..., e é isto que reflete a dança contemporânea.
Esta última caracteriza-se por ser um estilo relativamente jovem e não apresenta-se como uma escola, tais como as danças clássicas, mas sim como um jeito de pensar a dança, não apresentando qualquer padrão de movimentação corporal, que é livre para adequar-se a sua própria intuição, musicalidade e histórias, sendo neste contexto não apenas um instrumento, mas sim uma unidade completa: o instrumento e a emoção, juntos.
Neste contexto de liberdade é então possível deixar transcender no corpo não só o real, mas também o irreal, o fantástico, dando a ele uma nova movimentação, ainda não experimentada, compondo movimentos que não fazem sentido e que não seguem um padrão quando comparados ao cotidiano, mas que carregam uma série de significados, quando vistos como sonhos.
Acredito que então, a dança poderia voltar-se para uma realidade científica do corpo, buscando na neurociência uma forma de transformar o bailarino em um livro de pensamentos escondidos (sonhos), que possam ser absorvidos por aqueles que têm a mente aberta a novas leituras e movimentações.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Como tornar um corpo real em irreal?

A separação entre interior e exterior deve ser colocada de início, deixando assim a necessidade interior muito mais próxima do campo espiritual que do físico. Podemos assim observar que a arte do dançarino, vê-se limitada às possibilidades de seu corpo, lugar que este ocupa no espaço.
O corpo deve servir a ação, a expressão das emoções e dos sentimentos, o gesto não pode ser decodificado e interpretado racionalmente quando o corpo fica preso ao contexto exterior há um bloqueio tônico, postural, isso ocorre por que ele se remete a uma origem e a uma história, esse sintoma físico acaba ocupando a representação do real,e essa representação não pode chegar a consciência, mas ao inconsciente que é ao mesmo tempo corporal e psíquico sendo assim posso dizer que fazer falar o corpo seria fazer falar o inconsciente.
Esse corpo pode emitir uma quantidade enorme de informações tendo assim a necessidade de uma análise social, mas não podemos esquecer que a sociedade é o lugar onde o corpo não pode escapar à repressão. Esse corpo que é uma via de liberação de emoções, sentimentos e pensamentos, é visto com certo preconceito por ser sexuado, para chegar a consciência e ao desbloqueio teria que passar por uma processo de mudança.
Diante desse levantamento venho a perguntar, o que esse corpo cheio de preconceito e que é sexualidade pode dizer? Essa linguagem seria pertinenete? E será que o "corpo puro" teria valor e poder por si mesmo?
Vejo ainda que o copo só parece se despir na condição de estar livre da sexualidade. Assim teríamos um outro desafio: fazer a distinção entre sensualidade e sexualidade, tendo em vista que o tocar e o prazer podem ser sensuais sem ser necessariamente sexuais.

Obs: Esse texto faz parte da pesquisa do espetáculo "corpos de tinta".

"Corpos de tinta": a possibilidade dos realismos fantástico e maravillhoso na dança contemporânea

Buscamos construir, mediante os conceitos literários do realismo fantástico e do realismo maravilhoso, o espetáculo "Corpos de tinta". Tais corpos estão presentes na exposição do artista plástico Binho Dushinka intitulada "Aromas de Afrodite", composta provisoriamente por 15 telas. O artista é anatomista e considera-se surrealista, porém faz uso do realismo fantástico nesta exposição. Quer-se construir uma movimentação que caracterize um novo momento na dança contemporânea, uma vertente que, assim como a dança-teatro, se interdisciplinariza com outras temáticas. A pesquisa trará a misteriosa irrealidade proposta pelo realismo fantástico e a expansão de temáticas sociais vistas no maravilhoso, através de recursos principalmente corporais, não excluindo os cenotécnicos. Nossos treinamentos corporais utilizar-se-ão da dança contemporânea e da acrobacia aérea em tecido, lira e trapézio fixo, assim como a composição da movimentação supracitada. "Corpos de Tinta" tomará como referência as figuras humanas presentes nas telas em situações (aparentemente) irreais, estabelecendo uma conexão direta com situações de nosso cotidiano que são vistas da mesma forma. Para tanto, surge a figura da deusa grega Afrodite, explorada nestes contextos irreais mediante seus aromas e símbolos, grande representante de temas hoje visto enquanto proibidos pela sociedade.A mesclagem das linguagens literária, cênica (enquanto dança e circo), e histórica (mito) enriquece esta pesquisa, visto que uma das características da contemporaneidade é a multidisciplinaridade, que quer se tornar inter e transdisciplinar. Estudaremos o irreal presente em nossa sociedade, discutindo temas pertinentes à nossa própria profissão, como o tabu do corpo, bem como uma análise profunda das nossas personalidades, descobrindo o que há em nós que pode se aproximar dessas irrealidades sociais. A tentativa de desnudarmos quer alcançar uma pesquisa e discussão que se torne ao mesmo tempo imparcial e intimista, pois exporemos honestamente nossos desejos e valores neste trabalho, mas almejamos não nos fechar para experiências contrárias aos mesmos. Enfim, propomo-nos à descoberta e construção da aplicação dos princípios propostos por estas linguagens inicialmente literárias, em uma pesquisa gradativa que inicia-se com discussões sobre os tabus sociais, à possibilidade de irrealidade do corpo, ao realismos citados,à deusa Afrodite e à irrealidade que existe em nós e, posteriormente, em nossos companheiros.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O irreal em mim

Acredito que o irreal, por si só, apresenta-se como algo de difícil análise e explicação. A busca deste irreal dentro de cada um torna-se então um desafio, pois a autocrítica é igualmente complicada.
Aqui venho desnudar-me de um manto que a muito me cobre, no intuito de mostrar minhas fragilidade e irrealidades, não só a outros, mas a meus próprios olhos cegos pelas necessidades diárias.
Quem sou eu? "É realmente isso que eu quero pra minha vida?" são perguntas que costumam me atormentar diariamente. Talvez eu seja alguém formada completamente por dualidade, incertezas, inseguranças, separada sempre pela forma como gostaria de agir e o modo mais adequado de "tomar atitude", não sei ao certo. Tenho certeza apenas que tenho medo, medo de que as emoções (tão presentes no meu eu - ciúmes, carência, carinhos...), me dominem; medo que estes sentimentos que travam batalhas diárias dentro de mim ganhem da repressão social ao qual estão submetidos, e não sejam aceitos ou sejam incompreendidos quando expostos de forma clara.
Devido a este medo, muitas são as vezes em que deixo de falar o que penso para agradar alguns, pensando talvez em como seria bom que aquela pessoa me aceitasse ou me achasse legal, ou mesmo interessante. E igualmente são muitas as vezes que falo (falei) o que não penso (pensava) para magoar outros, para mantê-los afastado, talvez não porque não os quisesse por perto, mas porque os padrões sociais não aceitavam como correto. E assim o foi em várias outras atitudes.
Sou uma pessoa de poucas palavras... talvez esta seja minha maior irrealidade, trancar-me dentro de mim, as vezes me traz um conforto que eu não encontro na presença de outras pessoas. Assim, construo muros e fortalezas, que quando são transpostas por alguém causam um dano imenso, pois sei que sempre o que sobrará é a solidão. Considero quase que impossível relatar aqui todas as minhas irrealidade que encontram-se mascaradas por atitudes cotidianas e padrões impoatos pela sociedade, e nem mesmo eu as conheço por completo. Às vezes eu me pergunto, mas o que é certo e o que não é? Por que agir à meu modo me parece tão errado? Por que tenho que viver sempre atrás de uma capa fazendo sempre o parace ser o mais correto? Por que? Por que? Por que? Meu eu são tantas perguntas...Talvez um dia eu encontre alguém com todas as respostas e então ai, me sentirei plena e real.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A irrealidade em mim

Pelo meu cansaço e sonolência, talvez seja curto e grosso. Iria falar antes de minha condição financeira, entretanto, o que me assola agora é a solidão. Estar só nunca me foi interessante, nem nunca será, visto que ser no mundo, para mim, é ser construindo, e o sentido de construir é compartilhando.
O efêmero não me é interessante. Meu eu pulsa por fincar sentimentos e vivê-los em seu potencial maior. Muito menos estar na multiplicidade me agrada, pois o respeito sempre fala mais alto, e me nego... Finjo não existir e de fato não existo. Neutralizo-me. A permissividade fácil de deixar os outros serem felizes me deixa só. Não impeço nem nunca impedirei ninguém, mas o ciúme é meu companheiro, e só o pensamento do mesmo já me faz arrepiar de ódio, sentimento o qual não quero alimentar jamais.
Choro por estar só. Escondido de todos atualmente, mas choro. Por isso, às vezes, penso que não sou mais eu, pois me escondo. Subtraio-me em sorrisos que realmente se esforçam para serem sinceros, porém não conseguem.
Não é a solidão que escondo, mas a constante solidão. O fato dela estar comigo sempre, o que derruba minha fortaleza, isto é, aparente fortaleza. E não me refiro somente a relações amorosas, mas a todos e quaisquer sentimentos, principalmente amizades. Ale, de minha solidão, ou sensação de solidão, meu orgulho renegado também faz parte do meu irreal. Aquela ainda é perceptível, mas este não. Escondo-o tão bem que pareço nem me importar com incomodas situações deste tipo. E o orgulho que é falado é aquele que se nega e aceita tudo, recebe ajuda. Como o exemplo de minha atual condição financeira me impedir de exercer o devido orgulho e aceitar constantes empréstimos sem ressarcimento.
Mas não me arrependo.
Orgulho-me de minha ausência de orgulho, neste sentido. Em outro setor sou extremamente orgulhoso: de mim. Confesso achar-me muito legal, mas muito legal mesmo, e não admito determinadas reações perante minha personalidade.
Vou explicar: sei o que sou para as pessoas, assim como tenho consciência que meu compromisso em ser um livro aberto e não querer modificar-me para adequação a determinados padrões que considero sem sentido. É justamente o que me causa solidão.
Mas escolhi essa vida para mim. Dá-me muitas recompensas e muitos atritos! Por mais que defenda com muita força minha forma de agir entristeço-me muito quando a mesma provoca conflitos que perduram em expressões zangadas para minha pessoa. Penso que, na maioria das vezes, demonstro ausência de preocupação perante o resultado de meus posicionamentos, mas isso é irreal. Dentro, sinto-me destruído.
E, mesmo não sendo irreal preciso explicar o porquê de ser contrariado me irritar tanto. O tão famoso “senhor da verdade” como sou chamado a gerações. Sou cuidadoso com o que falo e faço, e não enxergo isso na maioria das pessoas que me envoltam, os quais muitas vezes acreditam lembrar-se de atitudes contrarias ou distantes às outrora tomadas por mim. Não ajo indiscriminadamente, tampouco falo. Sei o quanto palavras e ações podem mudar rumos e/ou machucar bastante, então me ocupo em cuidar até das mínimas possíveis.
Atualmente digo que perdi minha esperança na humanidade, mas não sei o grau de (ir) realidade disto. Defendia e lutava muito mais para mudar o mundo, mas a velhice não me permite o mesmo entusiasmo. É o desencantamento de nossa época, onde as relações humanas dão lugar a interesses frios como o metal das maquinas, à tecnologia que não pulsa e não sente. E nos substitui, tirando-nos o devido valor moral que deveríamos nos dar uns aos outros.
Além de gostar de oferecer meu intelecto. Chego apensar que é tudo que posso contribuir, já que materialmente está praticamente impossível. E adentrar em um ensino superior colocou-me muito mais nessa condição. Posso dizer que o valor que tenho neste meio é, em grande parte, devido à inteligência.
E, para finalizar (acho!), minha constante cobrança comigo mesmo. Escondo-me nesse perfil de “o chato” apenas para garantir que meus valores sejam transmitidos de alguma forma, pois se os expusesse como gostaria, teria perdido inúmeras amizades e colegagens. Confesso ser ranzinza e bastante irritado com o mundo, po9r que é tudo muito idiota às vezes! Situações sem sentido que causam tanto mal, e este podendo ser evitado a tão pouco! Indigno-me! Mas melhorei minha forma de expressão, preciso respeitar o espaço do outro e deixá-lo (às vezes) perceber sozinho seus momentos imbecis, assim como eu também os tenho e preciso percebê-los.
No mais, fica para um próximo relato.

Obs.: este relato faz parte da pesquisa do espetáculo “corpos de tinta”

O irreal social em cada um: meu auto-retrato *

É muito difícil falar de si mesmo quando não se tem certeza do que se é. Tudo aqui são mera suposições, sempre em busca da verdade, é claro.
Falando em verdade, primeiramente me vem à mente a dança. Dançando me sinto bem, me sinto feliz (exceto quando não consigo fazer as coisas como eu gostaria, ou seja, em 50% das situações). Muito além do prazer físico em dançar tenho vontade constante de dizer através da minha dança, algo, que por às vezes achar que não estou conseguindosinto-me imensamente frustrada, tanto, que até me dá vontade de desistir.
Como alguém que tem tantas possibilidades (estou falando de profissões) pode ser confusa assim? Ou acaso não pareço confusa? Acho que dá pra perceber com estas palavras estranhas e desconexas.
Ainda sobre as profissões, quer trabalhar em algo que me deixe feliz, e a dança me deixa feliz, mas ainda não consigo ou posso trabalhar só com isso... Alguma idéia pra fazer o dinheiro necessário chegar às mãos através da dança? Alguém?
A minha sorte é que sou feliz fazendo outras coisas também (...), como massagem, por exemplo. Será que a fisioterapia é meu destino também, Donny?
Sou um irreal social porque quero trabalhar com o que gosto, e gosto de trabalhar com o corpo. Já falei pra você que eu já quis ser médico legista (dentre outras coisas como bióloga e educadora física)? Tudo por causa do corpo.
A segunda etapa é falar do pedaço de mim que se apaixona...
Gosto das pessoas, e geralmente isso dá problema por dois motivos: gosto de várias pessoas a ponto e me relacionar com elas para conviver e absorver suas qualidades e ec (nossa, que antropofágico!), mas isso é IMPOSSÍVEL! A segunda é pior... Pois ao mesmo tempo em que desejo isso, não consigo conviver com isso pois sou ciumenta e possessiva. Pode? Dá pra acreditar? Eu não sou real...
A última parte é falar de realidade, dos defeitos que tenho e não aprecio.Há muitos mas alguns tento mudar o mais urgentemente possível que outros: a ira que me atinge e me dá vontade de quebrar tudo e gritar muito mas não posso; a inflexibilidade que vocês bem conhecem; a insatisfação constante na busca do melhor; a ingenuidade que me deixa querer coisas que às vezes não são realmente possíveis e não me deixar ver quem as pessoas realmente são.
Afirmei muitas coisas mas a maior certeza de todas é que não sei bem quem realmente sou e nem o que quero exatamente, talvez por ser muitas em uma só e querer demais.
É difícil expor-se dessa maneira. não espero compreensão mas respeito às minhas concepções, entretanto declaro desde já estar aberta a desfazê-las e refazê-las, afinal: ADOOOOOOORO experimentar!

* Este relato faz parte da pesquisa do espetáculo "Corpos de tinta"

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Meu EU (NaTháLia???) iRreAL

Muitas vezes, eu SOU EU "de verdade". Em muitas atitudes, em diversas palavras, em muitos pensamentos, em vários momentos. Mas mais do que ser e fazer realmente o que sou e quero, sou e faço o que não penso e não concordo.
Por dias e noites fingi ser alguém que não conheço pra ser alguém que "ele" ou "ela" gostem e que algumas pessoas admirem. Me permiti sorrir enquanto queria chorar, e dar tudo de mim quando tudo que eu precisava era ficar no meu cantinho pensando em nada! Fui quem não existe, ou melhor, quem subexiste dentro de mim.
Calar enquanto queria falar, gritar, explodir e perguntar: "Droga, por que você fez isso?", "Por que isso tem que acontecer?" ou até um "Cala a boca", é uma das piores coisas que a Nathália "de mentira" faz. Talvez uma das que mais incomodem. Deixa espaço para perguntas e vontades loucas e inúteis no pensamento.
O processo de dizer SIM ou NÃO é intenso e problemático. Intenso, no sentido de que a maioria de vezes requer tudo de mim. Problemático por que em diversas ocasiões meus "eus" se chocam e fazem uma batalha repercutir por semanas. Na maior parte das situações, o que prevalece é EU que quero ser amada e adorada, "chalerada" e mimada, por isso abdico de mim, de atitudes, de vontades minhas pra dar lugar a Nathália "de mentira", uma pessoa irreal.
Posso até dizer que "aquilo" que eu falei e fiz foi sem querer, por que eu não quis, ou foi a ocasião, ou qualquer outra justificativa para explicar atitudes e vontades da verdadeira Nathália, que na verdade não tem coragem de admitir o que quer e sente. Enfim, o meu irreal é constantemente uma figura que surge da necessidade de se amada (como se todo amor e carinho que me dão não fosse suficiente) e do medo da solidão (essa estúpida e maldita solidão) que me sufoca e destrói!
*Este relato faz parte da montagem do espetáculo "Corpos de Tinta"

domingo, 31 de maio de 2009

Tornar-me coreógrafo

Assim como o início da Móbile Cia Experimental de Dança deu-se paulatinamente no decorrer da produção de pRE (s)Sente, da mesma forma consolidou-se em mim o ato de criar movimentos. Fruto de uma confiança em um potencial ainda não exposto (que não havia certezas sobre sua existência) fez-se um convite, o qual foi aceito com muito receio e medo. Entretanto, uma angústia saudável, posso dizer heideggeriana, que leva o homem as maiores descobertas e produções de sua vida. Ser tocado pela angústia de reverlar-me através de outros corpos, em uma conflitante confusão de ser eu e não meu outrora coreógrafo.
E foi bom, muito bom.
Gosto de ver-me em outros corpos, pois não sou mais eu. Não domino os mecanismos de execução dos meus vários entes, ou melhor, das minhas várias. Trabalhar somente com o feminino dá-me uma dimensão, digamos, assexuada. Movimento-me como um corpo e transmito-os para corpos, sem gênero, mas é gritante a diferenciação do como mover-se. Negamos nossas distinções sexuais, no entanto, elas moldam o movimento criado. Por isso digo que não sou mais eu. Quem sabe isso mude quando um ente masculino adentrar nosso elenco.
E o ato de criar: sublime. Nunca entendia o funcionamento da mente de um coreógrafo. Sempre imaginei muita confusão, muitas coisas. Mas, no mais, é só dispor-se. Colocar-se à criação, à mercê dela, permite uma invasão sem igual dentro de nós, através de uma escavação desmedida, que ultrapassa nossos podres, renegando-os, a fim do mais puro e belo que pudemos expor. Ao menos em mim sinto desta forma, uma abertura para o novo, uma sede do inédito, queremos destruir tudo, apenas mediante o esquecimento e rejeição do que já está posto. Todavia, é imperceptível, no momento da criação, perceber a influência direta do que existe em nós e o antecede. Somente quando apreciamos nosso trabalho, enxergamos nosso passado escancarado no que era nosso futuro.
E é preciso falar do gozo do que conseguimos construir. Uma sensação de inacreditável, o deslumbramento de estar vendo o que era impossível, a eterna expressão babaca perante o construído. Fomos capazes.
Agora, é onde danço, me faço e me construo. Meu novo lar. Há muito o que passar, e mais ainda a transpassar. Acredito e espero que superemos as turbulências. Conseguiremos isso através de nossa definição: "objetos dependurados que sofrem a ação do vento". Diversas problemáticas nos atingirão, mas não seremos levados pela correnteza aparentemente insolúvel das mesmas, pois temos um forte ponto de apoio: nós mesmos.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Início de um sonho possível...

Hoje dou uma pausa nos estudos sobre as acrobacias aéreas, minha outra paixão, não menos cara que esta sobre a qual vou falar agora: o espetáculo “pré (s)Sente”.
Sua concepção começou em agosto de 2008, a partir da minha inquietação em saber como Zeca Baleiro escreve coisas tão profundas que mexem com os sujeitos de uma tal forma...eu diria arrebatadoramente, se é que esta palavra existe.
A paixão por Zeca... Sim, é isso mesmo. A paixão por Zeca (pois acredito que a verdade dele está nas próprias composições, e se amo as composições é porque também o amo) sempre existiu. Sempre o ouvi... Mas neste mês em especial, a falta que a dança me fazia criou tal vazio em mim que só pode ser preenchido parcialmente ao ouvi-lo. Suas palavras e sua voz me consolavam... Então naquele momento tão peculiar decidi juntar duas coisas que adorava: ouvir Zeca e dançar.
Fiquei matutando como faria isso. Eu estava só, sem companheiros para dançar, longe dos antigos companheiros e sem muito tempo. Resolvi dar tempo ao tempo e amadurecer os pensamentos em relação à produção. Comecei, com calma, a coletar material (audio e letras), e estudá-los: cantar, interpretar as letras, experimentar... Ainda solitária.
Em novembro do mesmo ano anunciaram o show de Zeca (me lembro como se fosse hoje). Ao olhar a propaganda, imediatamente pensei em ir. Enfim chegou o dia 27 de dezembro (dia do show) e ainda sem acompanhante algum, fui. Durante a espera para começar o show fiquei refletindo sobre as idéias que tinha acerca da empreitada até o momento em que anunciaram o início do show. Momento ímpar. Os muitos minutos que se sucederam são momentos que não há palavra que descreva.
Ao ir pra casa decidi-me que apesar dos pesares era a hora de colocar o projeto em prática. Assim nos primeiros dias de janeiro de 2009 comecei a escrever de fato o projeto “pré (s)Sente”.
Ao dia 3 de fevereiro, marquei uma reunião com os colegas de profissão mais próximos para fazer o convite formal para compor o elenco. De todos, hoje conto com a honrosa presença de: Denise dos Anjos, Donny dos Santos, Lana Gabriela, Milena de Oliveira e Nathália Soares.
Dois dias depois já estávamos iniciando o processo criativo do espetáculo. Neste mês, ensaiávamos seis dias por semana e assim o construímos. Até a estréia, 5 de Abril, dia em que, a agora denominada Companhia, completaria dois meses de existência, foram dois meses de dedicação e empenho (ensaios de segunda a sábado) para a construção deste mais que desejado espetáculo.
Não contamos com apoio externo nenhum para produzi-lo: nós mesmos, os amigos e os familiares, fizemos tudo. Hoje ele está pronto mais ainda não está no ponto. Mas deixaremos-no...

sábado, 23 de maio de 2009

"pRE (s)Sente"

"pRE (s)Sente" é um espetáculo de Dança Contemporânea que trata do ser humano atual, real, contemporâneo, de suas emoções e características. Construído pela pesquisa e pela experimentação do movimentop expressivo na dança a partir da poeticidade de canções de um dos expoentes da música maranhense: Zeca Baleiro, na tentativa de comunicar sua poesia, traduzindo-a para uma linguagem não verbal.
O processo criativo fez-se através da análise minuciosa das possibilidades de entendimento e compreensão das canções do compositor em questão, levando em consideração uma visão mais intimista e subjetiva das mesmas, que teve como ponto de partida o universo pessoal do coreógrafo e bailarinos, a fim de revelar um corpo que se expressa mais verdadeiramente, tendo em vista aquilo pelo qual se movimenta parte de dentro de si mesmo.