sexta-feira, 3 de julho de 2009

“Uma Nathy mais aberta a opiniões”


Depois de tantas semanas recebendo e esperando ansiosamente as cartas, enfim consigo lê-las todas e considerar seus pontos comuns, as diferenças e enxergar as minhas possibilidades de mudanças. Percebo nelas muito que eu não tinha noção, como a admiração e o amor na real proporção que eles existem. Apesar de considerar palavras apenas palavras, entendo que por trás delas existem atos e pensamentos concretos.
Considerando que Lana está certa ao afirmar que não aceito muito bem críticas, tentei (dei o máximo de mim) para entender e aceitar tudo que me foi dito, não pacificamente e não sem conflitos, pois não é meu estilo, mas pacientemente. Talvez eu tenha mesmo sido muitas vezes impulsiva e intempestiva, mas escutar que Odara (que é ODARA) me acha coerente é um assombro. Ainda bem que o sou para alguém.
Descobrir que a minha alegria, liberdade de espírito, vivacidade, altivez, entre outros é a felicidade e esperança de alguns me deixa muito feliz. Mostra-me uma realidade que em muitas ocasiões torno irreal, finjo ser assim pra esquecer os problemas e me adaptar as pessoas ou situações.
E na verdade, Denise, a chateação por minha vontade não ter sido aceita ou por ser cobrada por algo que deveria ter feito e não fiz é comigo mesma, pois muitas vezes quando percebo os sentimentos e vontades absurdos que sinto, me revolto e termino me isolando e me zangando. O que não consigo é falar. Talvez pelo que Donny me disse. Em grande parte das situações esqueço um pouco de mim, dou sem cobrar, só na esperança de receber do mesmo jeito, engulo minhas vontades. Assim, quando não sou atendida ou sou cobrada e entendo que estou errada, mesmo que eu tenha argumentos não consigo me defender ou argumentar, só me entristeço e me calo.
Sou assim e ponto. Preciso de amor e atenção mesmo, e sinto muita falta quando não acontece. Essa minha personalidade alegre é uma armadilha para eu conseguir isso. A lógica é: quem dá, recebe. Mas como isso nem sempre acontece me sinto muitas vezes sem amor, com uma necessidade de carinho tão grande que me apego à pessoa que estiver mais disposta, sem atentar para as intenções da mesma. E quando já estou “cheia”, enjôo. Largo. Jogo fora. Isso é ruim. Muito ruim, pois muitas vezes me torno egoísta e egocêntrica, achando que só eu preciso de carinho, mas Odara me explicou que necessidade de ser amada é pura realidade, é humano e talvez agora eu consiga olhar ainda mais para os outros que para mim.
Essa facilidade de apego e desapego é muuuito irreal. Quanto mais penso que é fácil maior a facilidade pra mim. Minha força de vontade em não me deixar apegar, muitas vezes (quase todas), fracassa. E sofro por isso. Escondida, mas sofro. Termino buscando na minha vida louca uma recuperação, não é Donny? Busco na intensidade de viver uma forma de me livrar da condição de dependência. Tu estás absolutamente certo; na minha solidão (aquela da qual fujo) estão escondidos meus medos, minhas fraquezas, meus transtornos e minhas dúvidas, e eles me fazem fraca, indecisa e medrosa, o que definitivamente não me atrai, então corro longe e corro rápido. Deixo-os trancados no meu quarto junto com as lágrimas não derramadas e os esqueço, como se nunca tivessem existido.
Enfim, espero que minha sabedoria não amadurecida sirva pra ajudar muito mais e para entender que o mundo não gira ao meu redor. Espero também conseguir sempre distribuir meu grande sorriso a todos que necessitem e gostem (e quem não gosta que vá catar coquinho) e que eu consiga viver e lutar cada vez mais em busca da felicidade.
Que eu tenha sempre forças para permitir a aproximação de novas amizades e grandes pessoas e que elas consigam se resgatar em mim. Que eu consiga ainda, crescer milímetros e que seja para meu bem e dos que estão ao meu redor. Que eu sempre saiba valorizar amizades tão belas.
E que vocês entendam a complexidade e amplitude de um simples obrigada de uma moça-menina que não cresceu muito, mas que se tornou brutinha.


“E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal de conseguiu fazer.” Lya Luft


Nathália Soares

Reanalisando tudo!

Ah, está tudo muito bagunçado na minha cabeça, acho que é o sono. Já é tão tarde. Acho que serei mais direta do que o normal.
Bom, é realmente muito interessante ver-me sob óticas tão diferentes, mas fico feliz que todos me percebam tão bem, até melhor do que eu mesma. De início achei extremamente difícil relatar minha irrealidades, talvez porque eu as tenham escondido tão bem que hoje tenho dificuldade em identificá-las.
Acho que minha irrealidade mais marcantes é o medo. Medo de tudo, medo do mundo. Talvez por isso Dede, você me ache tão sozinha. Às vezes me sinto bem assim, mas na maioria das vezes só quero colo. Tenho medo da solidão, mas mesmo assim não sei evitá-la, ela me consola. Você está certa, sou confusa. Nem mesmo eu compreendo minhas vontades. Afff, e é nesta confusão que eu "organizo" minha vida, mas não acho que eu compartimentalize tudo Odara, mas sim que tudo é muito misturado, oq ue reflete uma personalidade bipolar, instável. Daí quando estou muito sobrecarregada explodo com força máxima. Druoga, não sei lidar com isso, jamais o soube. Jamais consegui me sentir realmente segura em algo, para algo; sempre sobressai a preocupação, o medo, e para saná-los me vejo forjando situações, procurando motivos, cobrando-me ao extremo. Essa sou eu.
Quanto a meus caminhos na dança, não sei ao certo. Talvez você esteja certo Donny, talvez ela seja apenas um arco íris no meio da selva que a biologia representa em minha vida. Mas no fim do arco-íris não existe sempre um pote de ouro? Quem sabe um dia eu consiga chegar lá. Sempre disse à todos que me perguntavam, que a minha primeira opção diante de uma escolha, seria a biologia. Realmente amo meu curso, e sinto-me realizada nele. Talvez por ter chegado tão longe depois da dificuldade que encontrei ao cursá-lo. Mas o que seria da vida sem obstáculos, né?
Mas amo dançar, e não sei até que ponto minha primeira escolha prevalecerá. O que sei é que jamais serei feliz sem um dos dois, e não considero a idéia de separar de qualquer um deles de minha vida. Talvez hoje a dança seja mesmo algo irreal para mim, e talvez seja verdade que meus olhos não brilhem tanto por ela quanto outrora, mas isso tem outras razões, que são assunto para uma outra carta. Talvez estes sejam os motivos para minhas travas corporais, mas nem mesmo eu os sei ao certo.
Não acho que minha constante falta de tempo seja um mecanismo para sentir-me ou mostrar-me madura, este é realmente um problema real. Entenda, quando declaro não haver tempo refiro-me a não conseguir executar bem aquilo que faço: seja no ensaio, na gradução, no laboratório ou em minha vida pessoal (principalmente nesta). Não há tempo. Mas sim, tenho mecanismos para tentar mostrar-me madura, geralmente ele é falho, pois minha personalidade de menina sempre foi mais forte. Acho que por isso vivo numa luta constante comigo mesma. E você acha isso interessante Donny? Pra mim isto é uma tortura...afff. Enfim, geralmente quem ganha a guerra é "o ser madura", não porque eu o quero, mas porque é uamm exigência dos lugares onde estou, tornou-se quase inconsciente.
Por fim, preciso realmente falar da irrealidade de minha impessoalidade. Você está certo Donny, de novo. Uso da cientificidade para evitar mostrar-me demais, esta é minha melhor proteção, guardar-me. Como já disse, o medo guia meio modo de viver. Depois de tantas mágoas, traumas e decepções seguidas, não sei se realmente quero explodir em sentimentos. Falam em mostrar-me mais, lutar para sair desta situação, curar estes traumas, que eu serei mais feliz. Mas como?, eu pergunto, se quando faço uma tímida tentativa de msotrar-me, de senitr novamente, quando enfim começo a confiar e acreditar que será diferente, as bocas que me falam para libertar-me são as mesmas a levar-me a tal situação novamente. Não Nathy, não quero curar-me desta situação, não quero morrer na praia mais uma vez, e não vou deixar brechas para que meu mur de proteção seja trasnposto novamente, mas sim o reconstruirei mais alto e forte. Sei que serei mais feliz assim.
Talvez essa seja a minha grande satisfação em estar na biologia. Ela me equilibra, ao menos em parte, minha instabilidade emocional; sofro menos quando estou nela, frusto-me menos com ela.
Ah, minha cabeça dói, já está quase amanhecendo, mas tenho ainda forças para dizer mais algumas coisas. Obrigada! É basntante confortante saber que posso considerá-los amigos e que vocês aceitam-me com tantas irrealidades...defeitos...enfim. Sentirei muita falta de todos enquanto estiver distante, tanto por este mês, quanto aos anos que se seguirão. Mas o mundo dá voltas e provavelmente nos reencontraremos, em um momento melhor, sob outras condições, não é mesmo Denise?

Bem, sintão-se todos abraçados. Até a volta.


Lana Gabriela