segunda-feira, 29 de junho de 2009

Para Lana Gabriela

Não sei se me alegro ou se me entristeço por considerá-la uma das pessoas mais irreais que conheço. Digo isso pelos aspectos positivos e negativos que encontro em tua irrealidade, a qual se parece fazer de forma tão plena no cotidiano nosso.
Começo pelo verde do papel que representa a biologia, sua vida. A meu ver, é irreal teus caminhos na dança, são incertos e inseguros, por mais que haja em ti caracteres de exímia bailarina. Embora seja onde podes te libertar e sentir-se bem, não é o lugar que te regozija e fortalece.
Para explicar melhor, fala da irrealidade existente em tanatas declarações faladas e ouvidas acerca da dança em sua vida. Seus olhos brilham ao falar do verde, mas não brilham para a multiplicidade de cores propostas pela dança. Já traçaste a facão teu caminho pela selva e, com muito pesar afirmo isso, a dança será um arco íris momentâneo que nunca pode-se alcançar plenamente.
Ainda a falar de dança, tuas travas corporais para novas movimentações que não o balé não se devem a ele. Particularmente, é irreal o caráter extremamente clássico que seu corpo mostra ter. São nítidos os resquícios técnicos, mas não são eles as razões únicas e absolutas para tirar a liberdade que seu corpo pode ter. Há motivos desconhecidos até por você mesma que te impedem de brilhar mais na dança.
Além, é inevitável falar da irrealidade que vejo em tua ausência de tempo ou motivos para cuidar de si, numa eterna tentativa de nunca tê-lo, como se houvesse a necessidade de um eterno vazio sempre a ser preenchido. Só pelo fato de tempo ser imaterial e moldável às nossas necessidades é que penso no exagero que existe ao falar que pode ser totalmente preenchido. Para mim, é irreal em ti o mostrar-se eternamente ocupada, paara parece-me um mecanismo de fazer-se madura, ou mostrar-se madura.
Te vejo como uma menina que quer ser mulher cedo demais. É difícil ser as duas coisas ao mesmo tempo, e você é de uma maneira um tanto bagunçada.
Mas isso dá-lhe um aspecto interessante, uma luta interna a ser responsável e o querer jogar tudo pro ar, este último geralemnete muito reprimido, o que não permite que tenha mais momentos felizes.
Para finalizar, preciso falar da irrealidade da sua impessoalidade. Uma cientificidade que só serve como escudo para não correr o risco de mostrar-se demais. Há medo em expor-se. Há medo devido a uma personalidade que foi atingida e fragmentada por traumas passados e presentes. Há medo em ser o que quer ser. Há medo em explodir sentimentos. Há medo.
Podes tornar mais real tais irrealidades, pois penso que não há necessidade de de esconder-se tanto. E você esconde-se se mostrando, querendo estar em tudo, vivendo tudso, sentindo o que todos sentem e, às vezes, afirma as mesmas coisas. E você esconde-se bem, mas não tão bem assim.
Esteja bem e reflita cuidadosamente.
Donny dos Santos

Um comentário:

  1. Você está certo...há medo, sempre o medo e sempre a vontade de me esconder por trás do que faço
    Sim, isso se deve a muitos traumas e mágoas (poucos deixaram cicatriz, a maioria permanecem abertos)e talvez devido a isto eu evite muitas coisas...quanto a explodir em sentimentos, como posso fazer isso se no momento em que me sinto segura para tal me vejo novamente em uma situação traumática? Quanto ao meu escudo, é realmente ele existe...sei que você o percebeu desde sempre...mas ele é apenas uma forma de proteção (e mesmo assim, ainda um tanto ineficaz)

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