sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MEU PRESENTE

A minha história na criação de “pRE (s)Sente” se construiu a base de medos, indecisões e incerteza. Na verdade, o início de uma série de descobertas que me fizeram transformar meu modo de dança.
Ao começar a fazer aulas de tecido acrobático com Donny, meu corpo e minha mente se abriram a uma nova experiência. Conhecer pessoas, desenvolver capacidades, descobrir os meus limites e ir além deles...
Em janeiro de 2008, comecei a escutar rumores e conversas sobre a criação de um espetáculo de dança contemporânea baseado nas composições de Zeca Baleiro. Logo, me interessei muito. Sempre gostei do Zeca e de suas letras únicas.
Escutei convites, observei atitudes e pensava que realmente o espetáculo tinha tudo pra dar muito certo. Mas, a vontade de dançar junto, de participar dessa obra, de permanecer mais tempo com aquelas pessoas me fazia por muitas vezes ficar triste e desestimulada. Quando Donny me perguntou se eu não estaria disposta a participar, uma questão não antes percebida por mim veio à tona: será que eu sei dançar contemporâneo? Eu vou conseguir acompanhar esses bailarinos que durante muito tempo (praticamente toda a vida) se dedicaram e se desenvolveram nas técnicas do ballet, do contemporâneo, do jazz... Da dança?
Os ensaios começaram a base de empurrões e logo ganharam força total. Comecei a conhecer através da convivência meus amigos companheiros Donny, Odara, Lana, Denise e Milena, uns de modo mais rápido outros gradativamente. Percebi opiniões, vontades, qualidades e defeitos, acertos e erros, inclusive os meus, que antes nem tinha noção.
No crescimento de “pRE (s)Sente” desenvolvi qualidades, (tentei) destrui defeitos e conceitos pré estabelecidos, briguei, falei alto, escutei, dei palpite, chorei escondida, sofri pelo pé on dehor e ainda tento coordená-los na base certa. Enfim, observei sensações, expressei meus sentimentos de forma errada e correta, tentei entender opiniões, aceitar criticas e não me zangar muito.
Por ocasião de o tema solidão ser base das músicas de Zeca, tive que desenvolver uma atitude a esse sentimento. Logo eu, que não aprecio ficar só, quanto menos o silêncio, tive que tentar entender o que eu ia ter que colocar no corpo. Uma palavra, um sentimento tão intenso e que eu nem queria escutar falar. Discutir, pensar, refletir sobre a solidão me fez ampliar meu medo de ficar só e criar coragem para enfrentar meus medos foi uma das coisas mais sábias que fiz.
Inicialmente, a música que mais me chamou atenção foi Tem que acontecer, pela letra marcante e tocante que fala sobre diversos momentos da minha vida. Logo que escutei a frase “Se ninguém tem culpa não se tem condenação, se o que ficou de um grande amor é solidão” me senti extremamente abalada, pois nessa simples frase me encontrei e desenterrei sentimentos escondidos. Ela retrata exatamente o momento pelo qual eu passava nos últimos meses, e que me fazia necessitar de mais e mais carinho. Não sei se Skap me chamou mais atenção pelo fato de ser meu duo com Odara ou pela sua letra que representa a minha busca constante: alguém que me faça parecer menos sozinha, e ser alguém que torne uma pessoa menos só.
Enfim, sei que de “pRE (s)Sente” nasceu uma parte nova em mim, que me fez mudar (espero que pra melhor). Nasceu a Móblie, que amo; e nasceram amizades com pessoas tão lindas e significantes. Agradeço hoje e sempre pelo convite, a Donny e Odara. Espero que eu possa alcançar cada vez mais as expectativas que meus diretores têm. E obrigada pela oportunidade de perceber que eu consigo dançar contemporâneo!


Nathália Soares (NaThY)

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